Transtornos mentais
O Brasil enfrenta uma crise significativa na saúde mental.


O Brasil enfrenta uma crise significativa na saúde mental, com 472.328 afastamentos do trabalho por transtornos mentais em 2024, o maior número registrado em uma década. Esse valor representa um aumento de 68% em relação a 2023, quando foram concedidas 283 mil licenças médicas pelo INSS. Os dados refletem um cenário agravado pela pandemia de COVID-19, pressões no mercado de trabalho e a falta de políticas eficazes de prevenção.
Principais Dados e Tendências
Aumento histórico: Em comparação com 2014, os afastamentos por ansiedade subiram 400%, e os episódios depressivos tiveram crescimento de 250%.
Perfil dos afetados:
Mulheres representam 63,8% dos casos, com idade média de 41 anos.
Principais diagnósticos: ansiedade, depressão e transtornos de adaptação.
Impacto econômico: O custo estimado com benefícios ultrapassou R$ 3 bilhões em 2024, com afastamentos médios de três meses.
Causas da Crise
Legado da pandemia: Aumento da carga de trabalho, medo de demissão e isolamento social deixaram sequelas psicológicas.
Ambientes tóxicos: Pressão por produtividade, assédio moral e falta de reconhecimento contribuem para esgotamento.
Desigualdade de gênero: Mulheres acumulam funções profissionais e domésticas, enfrentando dupla jornada e vieses que associam longas horas a incompetência.
Transtornos mentais: país tem maior número de afastamentos em 10 anos
Medidas Governamentais e Empresariais
NR-1 (maio/2025): Norma exige que empresas identifiquem riscos psicossociais e implementem ações preventivas, sob risco de multas e interdições.
Lei 14.831/24: Certifica empresas que investem em saúde mental, incentivando ambientes saudáveis.
Desafios: Apesar das regras, muitas empresas praticam "wellbeing washing" (marketing superficial de bem-estar), sem mudanças concretas.
Impacto nas Empresas
Produtividade: Absenteísmo e presenteísmo (trabalho sem eficiência) geram perdas financeiras.
Retenção de talentos: Profissionais priorizam empresas com políticas de saúde mental, especialmente gerações mais jovens.
Conclusão
A escalada de afastamentos por transtornos mentais no Brasil evidencia a urgência de ações integradas entre governo, empresas e sociedade. Enquanto normas como a NR-1 buscam responsabilizar organizações, é essencial combater culturas tóxicas, promover equidade de gênero e investir em prevenção. A saúde mental não pode ser tratada como um benefício opcional, mas como um pilar estratégico para a sustentabilidade econômica e social.